''Nosso repórter de música erudita acompanhou um show da dupla sertaneja Victor e Leo, campeã absoluta de vendas e arrecadação de direito autoral"
- Eles são lindos mesmo?
- Ai, demais. E são super bacanas. Simpáticos mesmo.
- É, né? Uma outra amiga que foi num show em São Paulo tinha dito que eles são estrelas...
- Não, não são não, mentira. Eles são super do bem, os seguranças é que ficam embaçando. Olha a foto da gente com o Leo!
- Mas e o Victor?
- Ah, ele é mais fechadão.
- Tipo artista, né? Meio galã.
Andressa, de 23 anos, mal se contém após ter conhecido a dupla sertaneja que acompanha "desde que eles começaram". Ela foi sorteada pela produção e pôde conhecer os artistas. No início da madrugada, ao lado de uma pequena multidão, conversa com outra fã que, menos sortuda, espera pela chance de ser colocada para dentro, em frente à porta dos camarins improvisados em uma universidade de Mogi.
"Victor" é Victor Chaves Zapalá Pimentel, de 34 anos; "Leo" é Leonardo Chaves Zapalá Pimentel, de 33 anos. Nasceram em Abre Campo, cidade de 13 mil habitantes no interior de Minas, a 216 quilômetros de Belo Horizonte. Formam a dupla Victor & Leo, que desde 2006 percorre o Brasil, colecionando números.
Seus discos já venderam quase um milhão de cópias; seus vídeos foram acessados 17 milhões de vezes no YouTube; segundo a ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos), entre os CDs e DVDs mais vendidos no Brasil, eles aparecem sete vezes com vários trabalhos; em 2009, seus shows foram vistos por 3 milhões de pessoas; e Victor, pelo segundo ano consecutivo, é o compositor que mais arrecada direitos autorais com suas canções, segundo o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), deixando para trás artistas como Roberto Carlos. Se você nunca ouviu falar dos dois, pode, então, se sentir parte de uma minoria.
Qual o segredo dessa música? Na tarde do domingo, dia 14, a chuva fez o avião da dupla desviar a rota e seguir para São José dos Campos. Enquanto eles seguem de carro para Mogi, o Estado aproveita para conversar com o diretor musical Ivan Correa. Ele lembra que conheceu Victor e Leo nos anos 90 em Belo Horizonte e, depois de alguns anos separados, voltaram a trabalhar juntos em 2007. O conceito, a estética, os arranjos, a sonoridade - tudo parte dos dois, diz Correa. "Minha função é fazer a ponte entre eles e os músicos, levar ao palco as ideias que eles querem explorar."
E que ideias são essas? Correa fala de uma combinação entre o "campo e o universal". É o tal sertanejo universitário, então? Não, ele diz, e já se adianta: também não é sertanejo de raiz, muito menos música pop. E o que é? "Uma música pessoal que parte do que eles são, das experiências que tiveram, das influências." Ou seja, não se encaixa em nenhum rótulo - mas se apropria um pouco de cada um deles.
Bucólicos. Victor e Leo chegam e, após se trocar para o show, recebem a reportagem. A música de raiz, contam, ouviam com o pai e o avô no interior de Minas. No sítio, ainda crianças, transformavam cochos de galinhas, latas e panelas em instrumentos. No colégio interno, aprenderam violão e canto. E, "sem pretensão nenhuma", gravaram uma fita que circulou pela família. "Eles têm até hoje, é horrível." Anos mais tarde, em Belo Horizonte, desistiram da faculdade e foram estudar canto. Já tinham uma reputação no circuito das casas noturnas locais até que, em 2002, resolveram se mudar para São Paulo. Nem tudo saiu como esperado e demorou até que o sucesso chegasse - foi em 2006, quando
- É, né? Uma outra amiga que foi num show em São Paulo tinha dito que eles são estrelas...
- Não, não são não, mentira. Eles são super do bem, os seguranças é que ficam embaçando. Olha a foto da gente com o Leo!
- Mas e o Victor?
- Ah, ele é mais fechadão.
- Tipo artista, né? Meio galã.
Andressa, de 23 anos, mal se contém após ter conhecido a dupla sertaneja que acompanha "desde que eles começaram". Ela foi sorteada pela produção e pôde conhecer os artistas. No início da madrugada, ao lado de uma pequena multidão, conversa com outra fã que, menos sortuda, espera pela chance de ser colocada para dentro, em frente à porta dos camarins improvisados em uma universidade de Mogi.
"Victor" é Victor Chaves Zapalá Pimentel, de 34 anos; "Leo" é Leonardo Chaves Zapalá Pimentel, de 33 anos. Nasceram em Abre Campo, cidade de 13 mil habitantes no interior de Minas, a 216 quilômetros de Belo Horizonte. Formam a dupla Victor & Leo, que desde 2006 percorre o Brasil, colecionando números.
Seus discos já venderam quase um milhão de cópias; seus vídeos foram acessados 17 milhões de vezes no YouTube; segundo a ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos), entre os CDs e DVDs mais vendidos no Brasil, eles aparecem sete vezes com vários trabalhos; em 2009, seus shows foram vistos por 3 milhões de pessoas; e Victor, pelo segundo ano consecutivo, é o compositor que mais arrecada direitos autorais com suas canções, segundo o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), deixando para trás artistas como Roberto Carlos. Se você nunca ouviu falar dos dois, pode, então, se sentir parte de uma minoria.
Qual o segredo dessa música? Na tarde do domingo, dia 14, a chuva fez o avião da dupla desviar a rota e seguir para São José dos Campos. Enquanto eles seguem de carro para Mogi, o Estado aproveita para conversar com o diretor musical Ivan Correa. Ele lembra que conheceu Victor e Leo nos anos 90 em Belo Horizonte e, depois de alguns anos separados, voltaram a trabalhar juntos em 2007. O conceito, a estética, os arranjos, a sonoridade - tudo parte dos dois, diz Correa. "Minha função é fazer a ponte entre eles e os músicos, levar ao palco as ideias que eles querem explorar."
E que ideias são essas? Correa fala de uma combinação entre o "campo e o universal". É o tal sertanejo universitário, então? Não, ele diz, e já se adianta: também não é sertanejo de raiz, muito menos música pop. E o que é? "Uma música pessoal que parte do que eles são, das experiências que tiveram, das influências." Ou seja, não se encaixa em nenhum rótulo - mas se apropria um pouco de cada um deles.
Bucólicos. Victor e Leo chegam e, após se trocar para o show, recebem a reportagem. A música de raiz, contam, ouviam com o pai e o avô no interior de Minas. No sítio, ainda crianças, transformavam cochos de galinhas, latas e panelas em instrumentos. No colégio interno, aprenderam violão e canto. E, "sem pretensão nenhuma", gravaram uma fita que circulou pela família. "Eles têm até hoje, é horrível." Anos mais tarde, em Belo Horizonte, desistiram da faculdade e foram estudar canto. Já tinham uma reputação no circuito das casas noturnas locais até que, em 2002, resolveram se mudar para São Paulo. Nem tudo saiu como esperado e demorou até que o sucesso chegasse - foi em 2006, quando
pagaram do próprio bolso a gravação do primeiro disco, Vida Boa, e, no boca a boca, lotaram show em uma casa noturna paulista.
"Ali foi um divisor de águas", conta Victor. O refrão canta: "Que vida boa, ô, ô, ô/ Que vida boa/ Sapo caiu na lagoa, sou eu no caminho do meu sertão." "Vida Boa tem um apelo poético e bucólico que dá a ela significado musical importante", diz Victor, antes de interromper a conversa para iniciar o show.
A apresentação, em palco que reproduz versão reduzida dos cenários e efeitos de luz do DVD Ao Vivo e em Cores, dura pouco mais de meia hora. A plateia, cerca de 10 mil pessoas, é composta na maioria de jovens moças, que gritam, cantam, atiram presentes no palco, imploram pela chance de tirar foto, sem se incomodar com a chuva forte. "Só seus flashes disparam meu coração, tira uma foto comigo!", pede uma faixa. A dupla retribui. Leo canta. Victor toca. "Eu queria dizer uma coisa para aquelas que abriram o guarda-chuva. Vocês estão perdendo a melhor parte", diz, a voz levemente embargada. Galã o suficiente?
De volta ao camarim, o assunto é a música que Victor escreve - e que dá a ele o status de compositor mais popular do Brasil. Elas falam de amor, de saudades, paixão, vida no campo. "Minha inspiração vem de filmes que eu vejo, de histórias que me contam", diz Victor. "Dinheiro e fama são bons. Mas sem sentimento não existe verdade e, sem verdade, não há música."
Depois da conversa, eles recebem alguns convidados no camarim. Uma mulher de meia idade corre, abraça os dois e tira foto correndo. "Tem de ser rápido, meu marido ficou bravo e me largou aqui." Qual o segredo dessa música? Mais do que em qualquer palavra, a resposta passa por atitudes como a dela.
"Ali foi um divisor de águas", conta Victor. O refrão canta: "Que vida boa, ô, ô, ô/ Que vida boa/ Sapo caiu na lagoa, sou eu no caminho do meu sertão." "Vida Boa tem um apelo poético e bucólico que dá a ela significado musical importante", diz Victor, antes de interromper a conversa para iniciar o show.
A apresentação, em palco que reproduz versão reduzida dos cenários e efeitos de luz do DVD Ao Vivo e em Cores, dura pouco mais de meia hora. A plateia, cerca de 10 mil pessoas, é composta na maioria de jovens moças, que gritam, cantam, atiram presentes no palco, imploram pela chance de tirar foto, sem se incomodar com a chuva forte. "Só seus flashes disparam meu coração, tira uma foto comigo!", pede uma faixa. A dupla retribui. Leo canta. Victor toca. "Eu queria dizer uma coisa para aquelas que abriram o guarda-chuva. Vocês estão perdendo a melhor parte", diz, a voz levemente embargada. Galã o suficiente?
De volta ao camarim, o assunto é a música que Victor escreve - e que dá a ele o status de compositor mais popular do Brasil. Elas falam de amor, de saudades, paixão, vida no campo. "Minha inspiração vem de filmes que eu vejo, de histórias que me contam", diz Victor. "Dinheiro e fama são bons. Mas sem sentimento não existe verdade e, sem verdade, não há música."
Depois da conversa, eles recebem alguns convidados no camarim. Uma mulher de meia idade corre, abraça os dois e tira foto correndo. "Tem de ser rápido, meu marido ficou bravo e me largou aqui." Qual o segredo dessa música? Mais do que em qualquer palavra, a resposta passa por atitudes como a dela.
Fonte:O Estadão
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