quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mais Pop, Sertanejo Domina o Brasil!


Dos dez discos mais vendidos em 2009, quatro são sertanejos – e três destes da dupla Victor & Leo!

A música sertaneja não é mais a mesma. Victor & Leo pouco lembram Tonico & Tinoco, como Luan Santana se distancia de Chitãozinho & Xororó. O gênero, que ganhou um verniz ainda mais pop nos últimos anos, desponta como o mais popular destes anos 2000.

Dos dez discos mais vendidos em 2009, quatro são sertanejos – e três destes da dupla Victor & Leo. Victor Chaves foi o compositor que mais lucrou com a arrecadação de direitos autorais no mesmo período, deixando para trás nomes como Roberto Carlos e Caetano Veloso. De João Bosco & Vinícius, “Chora, Me Liga” foi a música nacional mais tocada em 2009 – se incluirmos aí as internacionais, a dupla só perdeu para “Halo”, de Beyoncé.

“O sertanejo é a verdadeira música popular do Brasil. É o gênero mais ouvido e comercializado hoje no país”, afirma Alexandre Schiavo, presidente da Sony, que calcula obter 40% do faturamento da gravadora do segmento, entre vendagem de discos e shows.

José Antônio Éboli, presidente da Universal, faz coro: “O sertanejo é hoje o artista que mais faz show no Brasil. Quando uma dupla estoura, chega a fazer quase uma apresentação por dia”. Éboli defende que o número de shows e festivais sertanejos é hoje superior a qualquer outro gênero no país, superando a forte concorrência do pagode e do axé.

Universitário
Muito do sucesso se deve ao chamado sertanejo universitário, dos já citados Victor & Leo, João Bosco & Vinícius e Luan Santana, além de César Menotti & Fabiano, Jorge & Matheus e dos veteranos Bruno & Marrone, que, entre 2003 e 2007, emplacaram sucessivamente seus discos entre os dez mais vendidos do país.

Da geração da década de 90 –Chitãozinho & Xororó, Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano–, apenas a última dupla mantém o sucesso da década passada. É dos irmãos Camargo o segundo disco mais vendido de 2009.

“Nos anos 90, a música sertaneja se popularizou. Deixou de ser caipira e passou a ser quase uma música pop romântica, com raízes sertanejas”, lembra Paulo Rosa, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD).

Éboli conta que, depois de um declínio que esses artistas enfrentaram no fim dos anos 90, diversas novas duplas começaram a surgir na metade dos anos 2000.

Uma das que chamou a atenção na época foi César Menotti & Fabiano, dona do terceiro disco mais vendido no Brasil de 2007. A dupla fazia sucesso em Belo Horizonte e tocava em uma casa de shows frequentada por universitários –João Bosco & Vinícius foi outra dupla a mirar em casas desse público. O disco pirata de Menotti & Fabiano, que circulava na região na época, deu lugar a um oficial, que rendeu mais de 300 mil cópias para a Universal.

“Eles vieram com uma batida mais pop, jovem. Isso fez com que outras duplas enxergassem esse potencial”, afirma Éboli, que vê no sucesso da dupla o início do segmento universitário. “Essas duplas perceberam no público estudantil um interesse por uma música mais de festa e aumentaram o repertório deles desse perfil”, completa Schiavo. Para Rosa, essa geração dialoga com um público mais amplo que o sertanejo.

As composições já não versam tanto sobre o campo ou amores frustrados. “São letras focadas no amor de agora, desta noite”, afirma Leonardo Ganem, presidente da Som Livre, citando músicas como “A Fila Andou” (Maria Cecília & Rodolfo) e “Chora, Me Liga”. Ganem calcula que 30% do faturamento da gravadora vem hoje de artistas sertanejos.

Axé
Com uma roupagem mais festiva, o gênero encontrou no axé um importante aliado. É comum eventos que unam artistas baianos e sertanejos –alguns deles chegam a cantar em cima de trio elétrico. “Até então, esse circuito estava nas mãos do axé”, afirma Éboli. “São eventos com grandiosidade de shows internacionais”.

Zezé Di Camargo, no entanto, não vê muita novidade nessa geração universitária. Para ele, o que mudou foi a velocidade da música, que cresceu. “Muda a caixa, mas a essência é a mesma. O que difere são os caras, não a música”.

Fonte: ES Hoje

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